Feminismo e Sororidade

Você já notou que existe toda uma cultura que coloca as mulheres umas contra as outras? Um exemplo clássico é a namorada traída que se volta contra a outra moça e não contra o namorado. Mas também existem comentários sobre como mulheres são falsas umas com as outras ou como elas competem em vários níveis da vida.

Diante desse cenário, o feminismo propõe uma nova perspectiva sobre a relação entre as mulheres. Partindo do pressuposto que somos todas vítimas da mesma opressão, a sugestão é de que nos irmanemos em vez de apenas reproduzir esse discurso de rivalidade.

Certa vez ouvi alguém comentando no Twitter que mulheres devem ser como motoqueiros: se uma cai, todas precisam se revoltar. Talvez essa comparação simples seja a melhor forma de entender um dos conceitos mais discutidos atualmente entre as feministas: a sororidade.

Sororidade

Uma explicação simples para a sororidade

O que é sororidade?

A palavra sororidade tem origem no latim sororitas e se refere a um grupo de irmãs. De acordo com o Wikcionário, o significado mais atual é:

união entre mulheres que se reconhecem irmãs formando um grupo político e ético na luta pelo feminismo contemporâneo.

Na prática, a sororidade se refere a união entre mulheres em torno de uma causa comum: os direitos da mulher na sociedade. Isso não significa que devemos gostar de todas as mulheres do mundo ou não fazermos críticas umas as outras. Porém, quando se fala em sororidade o que se destaca é a proximidade em detrimento do confronto.

Sororidade no Cotidiano

Quando uma mulher afirma que foi violentada ou abusada, talvez a nossa reação automática seja questionar a veracidade do fato ou culpá-la de alguma forma pelo ocorrido. Reagimos assim porque fomos educadas desde cedo para duvidar de outras mulheres e até de nós mesmas. Por isso, é muito importante respirar fundo e refletir sobre essas situações corriqueiras.

O vídeo da música “Til it happens to you”, lançado recentemente pela cantora Lady Gaga, trata de dois temas importantes, o abuso sexual e a solidariedade entre mulheres:

Se você passar por uma situação semelhante, o que vai querer: apoio ou condenação? Do ponto de vista da sororidade, devemos apoiar outras mulheres em seus problemas e seus conflitos, até mesmo quando elas opinam contrariamente ao feminismo.

Cartaz da Marcha das Vadias

Cartaz da Marcha das Vadias de Curitiba

A cantora Pitty deu um show de feminismo no programa Altas Horas quando uma outra mulher, a cantora Anitta, afirmou que “a mulher precisa se dar o respeito”. Essa ideia reproduzida pela Anitta é fruto de uma sociedade patriarcal em que todas nós fomos criadas. A funkeira não é a principal culpada pela lógica e, de certa forma, a reproduz sem perceber que também é vítima do machismo.

Outro ponto importante da sororidade é questionar outros limites sociais para além do gênero. É muito mais fácil que feministas acadêmicas se irmanem entre si e deixem de lado as mulheres camponesas, por exemplo. Existem, obviamente, demandas que são específicas de certo grupo e precisamos: aprender a ouvir o diferente; não negar o lugar de fala de outros grupos.

Se você está entrando em contato com a noção de sororidade agora, o mais importante é começar a questionar coisas que parecem óbvias: será que mulheres realmente precisam se odiar? Se cuidarmos umas das outras, não fica mais fácil promover os direitos que tanto almejamos? Como movimento político, o feminismo precisa de mais dúvidas que certezas e são questionamentos como esses que nos fazem progredir na luta.


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